Resumo:O início de outubro de 2025 trouxe uma combinação de fatores que colocam o Brasil e o mercado global em alerta: a Dívida Pública Federal atingindo R$ 8,14 trilhões, o shutdown nos Estados Unidos pressionando moedas emergentes, e uma série de debates fiscais internos que podem redesenhar a política econômica do país nos próximos anos. Para o investidor de forex brasileiro, entender como esses movimentos se conectam é essencial para antecipar riscos, identificar oportunidades e ajustar posições em um mercado altamente sensível a notícias fiscais, monetárias e geopolíticas.

Publicado em 02/10/2025
O início de outubro de 2025 trouxe uma combinação de fatores que colocam o Brasil e o mercado global em alerta: a Dívida Pública Federal atingindo R$ 8,14 trilhões, o shutdown nos Estados Unidos pressionando moedas emergentes, e uma série de debates fiscais internos que podem redesenhar a política econômica do país nos próximos anos. Para o investidor de forex brasileiro, entender como esses movimentos se conectam é essencial para antecipar riscos, identificar oportunidades e ajustar posições em um mercado altamente sensível a notícias fiscais, monetárias e geopolíticas.
Dívida Pública Federal em Patamar Recorde e Expectativas do Tesouro
Em agosto, a Dívida Pública Federal (DPF) alcançou R$ 8,14 trilhões, um aumento de 2,59% em relação a julho. Apesar do número histórico, ainda está dentro da banda prevista no Plano Anual de Financiamento (PAF), que projeta um estoque entre R$ 8,1 trilhões e R$ 8,5 trilhões até dezembro.
O que chama a atenção é a composição das emissões: R$ 175,56 bilhões em títulos da dívida mobiliária interna, com maior demanda pelos prefixados (R$ 89,23 bilhões), seguidos por papéis indexados à inflação e à taxa flutuante. Já o Tesouro Direto apresentou alta expressiva, com emissões líquidas de R$ 2,93 bilhões e um estoque de R$ 190,2 bilhões — destaque para o Tesouro Selic, que representou 53,13% das vendas.
Para o mercado cambial, isso indica que o governo conseguiu recompor o colchão de liquidez, reduzindo o risco imediato de financiamento. Porém, o crescimento da dívida reforça dúvidas sobre a sustentabilidade fiscal a médio prazo, ponto que impacta diretamente a confiança no real brasileiro.
Ibovespa, Dólar e Shutdown: Aversão a Risco Global
O Ibovespa iniciou outubro em queda de 0,49%, aos 145.517 pontos, enquanto o dólar à vista subiu levemente para R$ 5,3286. No centro da turbulência, está a paralisação parcial da máquina pública dos Estados Unidos, após o Congresso falhar em aprovar um acordo orçamentário.
Esse shutdown aumenta a aversão global a risco, levando investidores a buscar refúgio no dólar e no ouro. Para o Brasil, isso significa maior pressão sobre o real e volatilidade extra nos pares USD/BRL. Já no mercado de ações, setores dependentes de financiamento externo e exportadoras sentem os efeitos da fuga de capitais estrangeiros.
No exterior, os índices de Wall Street reagiram com volatilidade, enquanto na Europa o Stoxx 600 e o FTSE 100 subiram com apoio do setor siderúrgico. O contraste mostra como o shutdown americano afeta moedas e emergentes de forma negativa, ao mesmo tempo em que setores específicos ainda encontram espaço para valorização.
Shutdown Americano e Seus Impactos no Brasil
Para o investidor de forex, o canal mais direto de transmissão do shutdown é o câmbio. A valorização do dólar tende a encarecer produtos importados, pressionando a inflação no Brasil. Estimativas apontam que o IPCA pode ganhar entre 0,5 e 1 ponto percentual adicional caso a pressão cambial persista.
Os setores mais afetados são combustíveis, alimentos e indústrias que dependem de insumos dolarizados. Esse movimento também dificulta cortes mais agressivos da taxa Selic, hoje em 15%, uma das mais altas do mundo.
O Banco Central monitora de perto esse cenário. Caso a paralisação americana se estenda, pode haver efeitos opostos: enfraquecimento da economia dos EUA, maior probabilidade de cortes adicionais pelo Federal Reserve e, como consequência, uma valorização do real a médio prazo.
Fragilidades Fiscais Brasileiras: Arcabouço em Xeque
Internamente, os desafios fiscais se acumulam. O economista Marcos Mendes, do Insper, alerta que o arcabouço fiscal aprovado em 2023 já mostra sinais de inviabilidade. As despesas obrigatórias crescem em ritmo superior ao limite legal, corroendo a credibilidade da regra.
Atualmente, a despesa primária representa 19% do PIB, contra 11% no início dos anos 1990. Esse avanço estrutural gera déficits recorrentes e mina a sustentabilidade da dívida. Mendes destaca que medidas como a valorização real do salário mínimo e a indexação automática de gastos ampliam ainda mais a rigidez do orçamento.
Para os traders, isso reforça a percepção de risco-país, elevando o prêmio exigido em ativos brasileiros e aumentando a volatilidade do real frente ao dólar.
UBS: Os Próximos Seis Meses Serão Decisivos
Segundo relatório do UBS, os próximos seis meses serão determinantes para a trajetória do Brasil, diante do início do ciclo eleitoral de 2026 e das decisões de política monetária no Brasil e nos EUA.
O banco prevê desaceleração da economia brasileira no segundo semestre, após crescimento de 0,4% no PIB do segundo trimestre. O desemprego caiu para 5,6%, menor nível desde 2012, mas sinais de arrefecimento do mercado de trabalho já aparecem.
Com o Federal Reserve reduzindo juros em setembro, o real pode se valorizar frente ao dólar. Isso abriria espaço para o Banco Central do Brasil iniciar cortes de juros em 2026. Ainda assim, a dívida pública crescente e o risco de instabilidade política elevam a cautela entre investidores estrangeiros.
Perspectivas do Citi: Ajuste Fiscal em 2027 É Inevitável
Leonardo Porto, economista-chefe do Citi Brasil, reforça que o maior ponto de vulnerabilidade do país é fiscal. Para ele, um ajuste em 2027 será inadiável, especialmente no que diz respeito à reforma previdenciária e à contenção do crescimento acelerado dos gastos públicos.
O Citi prevê o dólar a R$ 5,40 no fim de 2025, refletindo tanto pressões externas (como tarifas nos EUA e queda das commodities) quanto fatores domésticos (déficit em conta corrente e incerteza eleitoral).
Para os traders, isso sinaliza que a volatilidade continuará alta, e pares como USD/BRL e EUR/BRL devem permanecer sensíveis a dados de fluxo cambial, inflação e decisões de política monetária.
Fluxo Cambial e Projeções para o Real
Segundo dados do Banco Central, o Brasil registrou fluxo cambial positivo de US$ 596 milhões em setembro até o dia 26, puxado pela via financeira. No entanto, no acumulado do ano, o saldo ainda é negativo em mais de US$ 16 bilhões.
Esse descompasso mostra que, apesar do interesse estrangeiro no mercado de renda fixa e ações brasileiras, ainda há fragilidades nas contas externas. Para o forex, isso implica movimentos bruscos no real, especialmente em momentos de aversão global ao risco.
Conclusão: O Que o Trader de Forex Brasileiro Deve Fazer Agora
O cenário de outubro de 2025 exige atenção redobrada. O investidor de forex deve observar:
- O andamento do shutdown nos EUA e seu impacto no dólar global.
- As pautas fiscais no Congresso, como mudanças no Imposto de Renda e taxação de investimentos.
- As declarações do Banco Central e do Federal Reserve, que podem reorientar expectativas sobre juros.
- O comportamento da dívida pública, que seguirá como termômetro da credibilidade brasileira.
Combinados, esses fatores desenham um quadro de alta volatilidade para o real, em que movimentos técnicos precisam ser acompanhados de perto por análises macroeconômicas.
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