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Fim do Shutdown nos EUA Impulsiona o Apetite por Risco
Resumo:Após 40 dias de paralisação histórica, o shutdown do governo norte-americano finalmente caminha para o fim — e o impacto dessa resolução está sendo sentido em todo o sistema financeiro global. A notícia de que o Senado dos Estados Unidos aprovou um projeto para reabrir o governo federal provocou um salto no apetite por risco, fortalecendo moedas sensíveis a ativos como o dólar australiano (AUD) e o dólar neozelandês (NZD), ao mesmo tempo em que enfraqueceu os ativos de refúgio, como o iene japonês (JPY) e o ouro.

Publicado em 11/11/2025
Após 40 dias de paralisação histórica, o shutdown do governo norte-americano finalmente caminha para o fim — e o impacto dessa resolução está sendo sentido em todo o sistema financeiro global. A notícia de que o Senado dos Estados Unidos aprovou um projeto para reabrir o governo federal provocou um salto no apetite por risco, fortalecendo moedas sensíveis a ativos como o dólar australiano (AUD) e o dólar neozelandês (NZD), ao mesmo tempo em que enfraqueceu os ativos de refúgio, como o iene japonês (JPY) e o ouro.
Nas bolsas de valores, o otimismo se espalhou rapidamente: os futuros de ações nos EUA avançaram quase 1% e o Nasdaq subiu 1,2%, enquanto índices asiáticos e europeus acompanharam a tendência positiva. A expectativa é de que o fim da paralisação traga alívio político, retomada de dados econômicos oficiais e maior previsibilidade para o Federal Reserve (Fed), fatores essenciais para a reprecificação das moedas e reorganização dos fluxos globais de capital.
Acordo No Congresso e Efeito Imediato no Dólar
O acordo aprovado no Senado prevê a liberação do financiamento governamental até 30 de janeiro, incluindo o pagamento retroativo dos salários dos servidores públicos. O texto ainda depende da aprovação da Câmara dos Representantes, mas o mercado já reage como se o impasse estivesse encerrado.
O Índice do Dólar (DXY), que mede a força da moeda americana frente a seis principais divisas, subiu 0,1%, para 99,58 pontos, após a votação.
A reação, porém, foi moderada: os analistas do ING destacam que o efeito do fim do shutdown é neutro para o dólar, já que o mercado havia precificado parte do otimismo nos dias anteriores.
Ainda assim, o avanço do projeto remove um risco político relevante, fortalecendo a percepção de que o Fed poderá agir com mais clareza nas próximas decisões de juros. Sem a incerteza fiscal e com a economia retomando a divulgação de dados, cresce a expectativa de que o banco central americano corte 0,25 ponto percentual em dezembro — probabilidade que caiu de 67% para 64%, segundo o CME FedWatch Tool, diante da melhora do sentimento de risco.
Forex: Apetite por Risco Reacende e Moedas Sensíveis Avançam
Com o fim do shutdown praticamente confirmado, o mercado de câmbio entrou em modo risk-on — movimento clássico de busca por risco que favorece moedas emergentes e ligadas a commodities.
O dólar australiano (AUD) subiu 0,57%, cotado a US$ 0,6528, e o dólar neozelandês (NZD) também ganhou força, acompanhando o avanço das bolsas de valores e o aumento do preço das commodities metálicas.
Em contrapartida, o iene japonês — tradicional porto seguro em tempos de incerteza — recuou para 154,30 por dólar, atingindo sua mínima em nove meses, enquanto os investidores reduziam posições defensivas.
A relação AUD/JPY, frequentemente usada como termômetro do apetite global por risco, subiu cerca de 0,5%, refletindo a correlação direta com o índice Nasdaq norte-americano. “A melhora do humor em Washington está dando suporte ao risco e enfraquecendo o iene”, disse Chris Turner, estrategista-chefe do ING.
Mercados de Ações e Commodities Reagem com Entusiasmo
O otimismo com o fim do impasse político em Washington teve reflexos imediatos nas ações globais. Os futuros do S&P 500 e do Dow Jones avançaram cerca de 1%, enquanto os índices asiáticos — impulsionados também por cortes tributários sobre dividendos na Coreia do Sul — operaram em forte alta.
As commodities seguiram a mesma direção: o ouro (XAU/USD) manteve-se acima de US$ 4.130, sustentado por apostas de corte de juros do Fed, enquanto o petróleo Brent subiu 0,8%, cotado a US$ 80,10 por barril. A percepção geral é de que a normalização das atividades federais trará maior clareza econômica, destravando dados de inflação, emprego e PIB que estavam represados durante a paralisação.
Impacto nos Principais Pares de Moedas
O cenário de reabertura do governo americano e recuperação do apetite global por risco tem produzido efeitos distintos entre os pares principais do Forex:
- EUR/USD: o euro permanece estável em torno de 1,1556, após uma leve recuperação de 0,16%, com analistas avaliando que o par poderá testar a resistência em 1,1600 caso os dados dos EUA confirmem enfraquecimento econômico.
- GBP/USD: a libra esterlina recuou 0,4%, para 1,3124, após dados de desaceleração no crescimento salarial britânico e alta da taxa de desemprego para 5% — reforçando a expectativa de um corte de juros pelo Banco da Inglaterra em dezembro.
- USD/JPY: o dólar americano manteve alta de 0,06%, a ¥154,30, com o iene sob pressão após declarações cautelosas da primeira-ministra japonesa Sanae Takaichi, que pediu moderação nos aumentos das taxas de juros.
- AUD/USD: o par caiu 0,09%, para 0,6524, devolvendo parte dos ganhos recentes, embora ainda sustentando tendência positiva com base no sentimento global de risco.
Europa: Libra em Queda e Euro à Espera de Dados Econômicos
Na Europa, o mercado de câmbio mostra comportamento misto. O euro tenta sustentar ganhos limitados, com investidores aguardando o índice de sentimento econômico ZEW, enquanto o setor industrial alemão apresenta sinais de leve recuperação.
A libra, por outro lado, sofre com o esfriamento do mercado de trabalho britânico. O crescimento salarial desacelerou para 4,6%, e a taxa de desemprego subiu ao maior nível desde fevereiro de 2021, reacendendo o debate sobre recessão técnica no Reino Unido.
“Esses números não são desastrosos, mas sustentam a precificação dovish do Banco da Inglaterra”, escreveu o ING. A expectativa é de corte de 25 pontos-base na próxima reunião, o que deve manter a libra pressionada nas próximas semanas.
América Latina e Mercados Emergentes: Reforço ao Carry Trade
A resolução do shutdown também tem efeitos significativos para moedas emergentes, especialmente na América Latina e no Leste Europeu (CEE).
O real brasileiro e o peso mexicano apresentaram leve valorização, refletindo o aumento da entrada de capital estrangeiro e o ajuste nas operações de carry trade — quando investidores se aproveitam dos diferenciais de juros para obter ganhos.
Nas economias do Leste Europeu, o forint húngaro (HUF) e o zloty polonês (PLN) seguem em alta, apoiados pela estabilidade dos bancos centrais regionais e pela melhora do euro frente ao dólar.
A Hungria, que recentemente recebeu isenção de sanções americanas sobre energia russa, continua atraindo fluxo cambial positivo, embora analistas alertem para correções técnicas após ganhos rápidos.
Cenário dos EUA: Dólar Entre o Alívio Político e o Dado Econômico
Embora o dólar tenha reagido positivamente ao fim do shutdown, sua tendência de curto prazo ainda depende de dados econômicos reprimidos durante a paralisação — como o payroll (emprego) e o CPI (inflação ao consumidor).
Esses indicadores, agora prontos para serem divulgados, serão determinantes para definir se o Fed cortará juros em dezembro ou postergará a decisão para o primeiro trimestre de 2026.
A ausência de dados durante o bloqueio fiscal dificultou a leitura macroeconômica, levando o mercado a trabalhar “às cegas” e a ampliar a volatilidade. Agora, com a retomada das publicações oficiais, a expectativa é de reajuste nas posições cambiais e melhor definição dos cenários de taxa de juros.
Ouro, Criptomoedas e Commodities: Reações Divergentes
No mercado de commodities e ativos alternativos, os reflexos do fim da paralisação também são visíveis.
O ouro (XAU/USD) manteve-se estável, oscilando em torno de US$ 4.140 por onça, sustentado pela expectativa de corte de juros do Fed e pela redução do dólar como refúgio.
Enquanto isso, o Bitcoin (BTC/USD) avançou 0,53%, cotado a US$ 105.060, refletindo o maior apetite por risco e o refluxo de capital dos títulos do Tesouro americano,
Com o dólar em leve queda e os rendimentos dos Treasuries estabilizados, investidores diversificam suas posições em ativos de maior volatilidade, indicando que a tensão política recente está sendo substituída por um cenário de otimismo cauteloso.
Conclusão: Uma Trégua Política Que Redefine o Panorama Cambial
O fim do shutdown nos Estados Unidos representa muito mais do que o encerramento de uma crise orçamentária. Ele marca a retomada da confiança global e reorganiza as dinâmicas do mercado de câmbio, ao reduzir a incerteza fiscal e reacender o apetite por risco.
O movimento beneficia moedas emergentes e ligadas a commodities, penaliza ativos de refúgio e abre espaço para o Fed agir com mais previsibilidade.
Contudo, o alívio ainda é parcial: dados econômicos fracos — como a queda da confiança do consumidor e o aumento das demissões corporativas — sugerem que a economia americana enfrenta desaceleração real, e o dólar pode voltar a enfraquecer nos próximos meses.
Em um ambiente em que o risco político cede espaço à análise econômica, o mercado Forex se prepara para um novo ciclo de reposicionamento, no qual a clareza fiscal dos EUA será tão importante quanto as decisões de política monetária do Federal Reserve.
Por ora, a mensagem dos mercados é clara: o mundo respira aliviado, mas a próxima rodada de volatilidade dependerá menos de Washington — e mais dos números que, finalmente, voltam a ser publicados.

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