Resumo:Após semanas de ganhos históricos, o ouro (XAU/USD) iniciou esta sexta-feira (26) com movimento de correção técnica, refletindo tanto a força recente do dólar quanto a expectativa de um novo corte de juros pelo Federal Reserve (Fed) na próxima semana. O metal precioso, que chegou ao recorde de US$ 4.381,44 por onça no início da semana, agora é negociado próximo de US$ 4.114,12, com queda semanal de 3,29%, sinalizando um ajuste natural após nove semanas consecutivas de valorização.

Publicado em 26/10/2025
Após semanas de ganhos históricos, o ouro (XAU/USD) iniciou esta sexta-feira (26) com movimento de correção técnica, refletindo tanto a força recente do dólar quanto a expectativa de um novo corte de juros pelo Federal Reserve (Fed) na próxima semana. O metal precioso, que chegou ao recorde de US$ 4.381,44 por onça no início da semana, agora é negociado próximo de US$ 4.114,12, com queda semanal de 3,29%, sinalizando um ajuste natural após nove semanas consecutivas de valorização.
No Brasil, a cotação média do ouro recuou para R$ 714,07 por grama, acompanhando a movimentação global e a leve recuperação do dólar frente ao real, que segue em torno de R$ 5,39. Apesar da queda recente, o ouro mantém alta acumulada de mais de 40% em 2025, consolidando-se como o ativo de proteção mais procurado do ano.
Ouro e Dólar: Relação Inversa em Foco
O comportamento do ouro nesta semana está diretamente relacionado à revalorização do dólar americano, apoiada por dados de emprego nos Estados Unidos e pelo aumento dos rendimentos dos Treasuries.
Embora o Core CPI (índice de preços ao consumidor) tenha subido apenas 0,2% no mês e 3,0% no acumulado de 12 meses, reforçando as apostas de um corte de 25 pontos-base pelo Fed na reunião de 28 e 29 de outubro, o mercado reagiu de maneira mista. A melhora no apetite ao risco levou parte dos investidores a migrarem para ações e títulos do Tesouro, reduzindo a demanda por ouro como proteção.
Historicamente, a relação entre ouro e dólar se mantém inversamente proporcional: quando o dólar se fortalece, o ouro tende a recuar, e vice-versa. O fortalecimento do índice DXY nas últimas sessões confirma essa dinâmica, pressionando o ouro abaixo do suporte de US$ 4.150.
Correção Técnica Após Rally Recorde
A formação de um “reversal top” semanal — padrão técnico de reversão — sugere que o ouro pode passar por duas a três semanas de correção antes de retomar tendência de alta. Analistas identificam zonas de suporte em US$ 3.846,50 e US$ 3.720,25, níveis que podem atrair compradores em busca de novas entradas a preços mais baixos.
Esse movimento é interpretado como saudável e esperado, já que o ouro vinha de uma sequência incomum de valorização de nove semanas consecutivas, impulsionada por apostas agressivas em cortes de juros e pela demanda crescente de bancos centrais.
Política Monetária e Mercado de Trabalho nos EUA
O foco agora está sobre a decisão do Federal Reserve, que deve confirmar o corte de juros para o intervalo de 3,75% a 4,00%. A justificativa, segundo o presidente Jerome Powell, é a necessidade de preservar o mercado de trabalho em meio a uma desaceleração acentuada na criação de empregos.
O Fed revisou para baixo 900 mil vagas nos relatórios anteriores, e o ritmo de contratação em agosto ficou bem abaixo das expectativas, indicando enfraquecimento da economia real. Essa mudança de foco — da inflação para o emprego — reforça o argumento de que o ciclo de afrouxamento monetário deve continuar até o final do ano.
Apesar disso, o mercado de ouro não reagiu positivamente ao tom dovish do Fed, já que o dólar ganhou força e os rendimentos dos Treasuries subiram com a retomada da confiança em títulos do governo americano. Esse contexto reduz o apelo do ouro no curto prazo, mas mantém o viés altista de médio e longo prazo, sustentado por juros reais negativos e inflação persistente.
Ouro Frente ao Real: Estabilidade e Potencial de Alta
No mercado brasileiro, o ouro mantém cotação média de R$ 714,07 por grama, após alcançar R$ 735 no início da semana. A leve valorização do dólar frente ao real limitou a queda, evitando um recuo mais acentuado em reais.
Com a Selic mantida em 15% ao ano e o Banco Central do Brasil adotando um discurso de vigilância sobre a inflação, o ambiente interno tende a oferecer estabilidade cambial relativa, embora o cenário fiscal siga pressionado.
Para o investidor brasileiro, o ouro segue sendo uma alternativa sólida de proteção diante de riscos políticos, fiscais e inflacionários, além de exposição cambial natural em períodos de volatilidade global.
Geopolítica e Demanda Institucional Sustentam o Ouro
Mesmo com a correção, a estrutura de suporte de longo prazo permanece sólida. O mercado continua impulsionado por fatores estruturais, como:
- Demanda recorde de bancos centrais, especialmente da China, Índia e Rússia, que seguem aumentando suas reservas em ouro;
- Incertezas geopolíticas na Europa Oriental e no Oriente Médio, que sustentam o papel do ouro como ativo de refúgio;
- Crescimento das compras institucionais via ETFs e fundos soberanos, que seguem ampliando posições em metais preciosos.
Esses elementos, combinados à perspectiva de corte de juros sincronizado entre os principais bancos centrais globais, formam uma base sólida para a manutenção de preços elevados ao longo de 2025.
Histórico Recente e Projeções para o Ouro
Desde o rompimento da barreira dos US$ 2.000 por onça em 2020, o ouro vem apresentando tendência estrutural de alta, impulsionada por sucessivas crises — da pandemia à instabilidade política global. Em 2024, o metal atingiu US$ 2.790, e agora rompeu novamente todos os recordes anteriores, chegando aos atuais US$ 4.381,44.
De acordo com analistas da Bloomberg Intelligence, o atual ciclo não representa um topo definitivo, mas sim um estágio de transição de capital. O estrategista Mike McGlone aponta que, após o pico de Bitcoin em US$ 100 mil e ouro em US$ 4.000, parte do fluxo deve migrar para títulos do Tesouro americano, sugerindo uma fase de rotação de ativos.
Mesmo assim, McGlone mantém uma projeção altista para o ouro em US$ 5.000 por onça, caso a política monetária global continue a favorecer ativos de proteção e desvalorização cambial.
Fatores Técnicos: Suporte e Resistência
Os gráficos diários mostram o ouro oscilando dentro de uma faixa definida entre US$ 3.850 (suporte) e US$ 4.250 (resistência). O RSI (Índice de Força Relativa) recuou de 75 para 58 pontos, sugerindo alívio da sobrecompra, mas mantendo tendência positiva no médio prazo.
Se o preço cair abaixo de US$ 3.846,50, analistas projetam nova zona de compra entre US$ 3.720 e US$ 3.760, onde grandes fundos devem reentrar. Já uma recuperação sustentada acima de US$ 4.200 reabriria caminho para US$ 4.500, com potencial de retomar a máxima histórica.
Comparativo com Outros Ativos
Enquanto o ouro passa por correção, outros ativos mantêm trajetórias distintas:
- Bitcoin (BTC/USD) sobe para US$ 100.000, impulsionado por fluxos de capital especulativo e políticas de juros mais brandas;
- Petróleo Brent opera estável em US$ 82 por barril, sustentado por cortes de produção da OPEP+;
- Ouro em reais (XAU/BRL) permanece acima de R$ 700, reforçando seu papel como hedge contra volatilidade cambial.
O ambiente de 2025 mostra que, embora o ouro perca parte do brilho especulativo, continua sendo uma âncora de estabilidade para investidores institucionais e governos.
Conclusão: Correção Saudável em um Ciclo Altista
O movimento de queda do ouro em 26 de outubro de 2025 não sinaliza uma inversão estrutural, mas sim uma pausa técnica após um ciclo extraordinário de valorização.
Com o dólar mais forte, ajuste em posições de fundos e a expectativa de corte de juros pelo Fed, o mercado passa por um momento de consolidação e redistribuição de liquidez. No entanto, os fundamentos permanecem robustos: inflação ainda resistente, políticas monetárias expansionistas, compras institucionais consistentes e demanda física firme continuam a sustentar o ouro acima dos US$ 3.800.
No Brasil, o metal segue sendo símbolo de estabilidade e reserva de valor, especialmente diante da volatilidade cambial e das incertezas fiscais. Para o investidor que busca proteção de capital e diversificação de portfólio, o ouro continua sendo uma aposta estratégica, mesmo em meio à atual correção técnica.
Em suma, o ouro encerra a semana em fase de ajuste, mas não de fraqueza — um descanso temporário em um dos ciclos mais poderosos da história recente dos metais preciosos.
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